Erro com IA faz empresa recontratar funcionários

Automatizou demais e agora corre pra recontratar.

Ilustração digital em estilo pontilhado retrata um homem de terno verde com uma chave de corda nas costas, sobre fundo rosa, simbolizando trabalho automatizado.

Após dois anos apostando alto na inteligência artificial para substituir funções humanas, a fintech sueca Klarna resolveu mudar de rumo. A empresa, que se orgulhava de ser uma das primeiras parceiras da OpenAI, agora reconhece que foi longe demais ao automatizar totalmente setores como marketing e atendimento ao cliente.

A estratégia parecia promissora no início. Com a ajuda da IA, a Klarna reduziu 22% do seu quadro de funcionários, encerrou contratos com equipes criativas e economizou cerca de 10 milhões de dólares ao terceirizar tarefas como tradução, produção visual e análise de dados. No atendimento ao consumidor, a empresa chegou a declarar que seus agentes virtuais conseguiam substituir 700 funcionários em tempo integral.

Mas, com o passar do tempo, os efeitos colaterais começaram a aparecer. Reclamações de clientes insatisfeitos se acumularam, a qualidade do serviço caiu e a promessa de eficiência virou motivo de revisão interna. Segundo o próprio CEO, Sebastian Siemiatkowski, o foco excessivo em cortar custos acabou sacrificando a experiência do cliente.

“Quando o custo se torna o principal critério, o que você acaba tendo é menor qualidade”, declarou o executivo em entrevista à Bloomberg. Ele também ressaltou que é essencial garantir que o cliente sempre tenha a opção de falar com um ser humano, algo que a automação total simplesmente não conseguiu entregar.

Para corrigir o rumo, a Klarna está testando um novo modelo de atendimento no estilo Uber. A ideia é contar com trabalhadores freelancers que atuem remotamente, prestando suporte sob demanda. Atualmente, apenas dois agentes participam da fase piloto, mas a expectativa é expandir o modelo em breve.

Apesar do retorno gradual dos humanos, a Klarna não pretende abandonar a IA. A tecnologia continuará no centro das operações da empresa, com planos de reconstruir sua infraestrutura digital baseada em inteligência artificial. A parceria com a OpenAI também segue firme.

A reversão da Klarna reflete uma tendência mais ampla no mercado. Embora a IA esteja sendo incorporada por muitas empresas — como mostram dados de que 74% das PMEs brasileiras já usam algum tipo de IA — uma parcela significativa dos executivos está reavaliando suas escolhas. Em janeiro de 2024, uma pesquisa apontou que 66% dos líderes estavam insatisfeitos com os resultados obtidos com IA.

A promessa de que a inteligência artificial resolveria tudo com mais velocidade e menos custo esbarrou em limitações técnicas, desafios culturais e, principalmente, na insatisfação de clientes e equipes.

No fim das contas, a lição da Klarna é clara: tecnologia ajuda, mas não substitui tudo. Ainda há muito caminho até que a IA consiga replicar, com empatia e eficiência, aquilo que só a interação humana entrega.

Julio Cesar

Julio Cesar

Julio Cesar, analista SEO de Goiás, usa inteligência artificial para otimizar processos e impulsionar resultados. Apaixonado por tecnologia e viagens, trabalha de onde estiver.

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