E ninguém sabe o que fazer.
E ninguém sabe o que fazer.
A inteligência artificial está transformando o processo de recrutamento e nem sempre para melhor. Cada vez mais presente tanto entre recrutadores quanto candidatos, a IA está sendo usada para automatizar currículos, entrevistas e até avaliações online. Mas essa nova realidade levanta preocupações sérias sobre a transparência e a ética nas contratações.
Segundo uma pesquisa recente da seguradora Hiscox, mais da metade dos candidatos usou ferramentas de IA para escrever seus currículos. Muitos acreditam que essa prática é “jogo justo”: 59% dizem que não veem problema em usar IA para se candidatar a vagas, e 37% afirmam que não corrigiriam exageros ou invenções criadas pelas ferramentas, como experiências infladas ou interesses forjados. Outros 38% admitiram mentir deliberadamente em seus currículos.
Esses currículos, aparentemente perfeitos, representam o chamado “Candidato Ideal”, bem escrito, bem estruturado, mas muitas vezes carente de experiência real e autenticidade. Pete Treloar, diretor de subscrição da Hiscox, alerta que a IA pode ajudar muitos candidatos a se apresentarem da melhor forma, mas precisa ser usada com cuidado.
O uso da IA não se limita à escrita de currículos. Muitos candidatos também a utilizam para treinar entrevistas, 29%, e concluir testes online, 45%. Isso está criando um ambiente em que recrutadores, por vezes, entrevistam avatares automatizados ou leem currículos gerados por algoritmos, sem perceber que há pouca substância por trás.
Enquanto 41% dos entrevistados reconhecem que a IA pode dar uma vantagem injusta a alguns candidatos, 42% acreditam que ela engana os empregadores. O dilema se intensifica à medida que os recrutadores tentam distinguir entre candidatos reais e criações artificiais, uma tarefa cada vez mais difícil.
Com o mercado saturado e competitivo, muitos buscam na IA uma chance de se destacar. No entanto, essa prática pode trazer sérias consequências. Além de ser desclassificado, o candidato pode comprometer sua reputação profissional e, em casos extremos, enfrentar processos judiciais. O recado é claro: só porque muitos estão fazendo, não significa que não haverá punição para quem for pego.
À medida que a IA se torna parte inevitável do processo seletivo, surgem novos desafios para empresas, plataformas de recrutamento e candidatos. O futuro do trabalho pode estar mais automatizado, mas isso não significa que será mais justo ou mais humano.